Ao passar dos séculos o aparecimento e aperfeiçoamento das técnicas agrárias levaram o homem a adotar a atividade da agricultura como sendo sua principal forma de sobrevivência. Para tanto iniciou o processo de queimadas, avançando na mata de acordo com sua necessidade de produzir. A questão é que as necessidades das primeiras sociedades eram apenas de subsistência, desse modo a natureza tinha oportunidade de se recompor das transformações exercidas pelo homem.
Hoje crescemos nossas ambições, o Brasil, por exemplo, quer ser o maior produtor de grãos do planeta, mas com os mesmos métodos empregados pelos trabalhadores de 500 anos atrás, que apenas produziam para sua sobrevivência.
Apesar dos esforços empreendidos pela EMBRAPA no sentido de desenvolver tecnologia de manejo depastagem e recuperação de área degradada, ainda acontece na Amazônia a chamada garimpagem de nutrientes, produtores derrubam uma grande área de árvores e promovem incêndios, a camada de humos é queimada e junto com as cinzas ficam alguns nutrientes que garantem pastagens para os próximos oito ou dez anos.Quando a terra vai ficando fraca, o processo é repetido.
Daí a necessidade de transitar desse modo de produção de economia arriscado e obsoleto, para um modo seguro e futurista. Os consumidores precisam buscar mais que um produto técnico, valorizando uma produção agregada ao nosso compromisso ético com as futuras gerações.
Estamos falando de criar novos modelos, os que estão aí não servem como referência para o momento que vivemos, as pesquisas tem mostrando que se universalizarmos por exemplo, o modo de vida americano ou europeu, precisaremos de quatro planetas terra, e infelizmente nós só temos um que já está com um déficit de trinta por cento na sua capacidade de regeneração. Mudar comportamentos que eticamente não são sustentáveis, é uma emergência, não podemos advogar um modelo que causa prazer em meia dúzia de pessoas e destruição efetiva de todo um planeta.
Resignificar nossa forma de produzir, de consumir e até mesmo de nos sentir bem, é a única saída. Novas apostas como transporte coletivo de qualidade e outras formas que envolva as economias de baixo carbono. Deixar de lado qualquer resistência, principalmentea de alguns países em desenvolvimento, alegando que os países ricos destruíram suas florestas, dizimaram seus povos originários e agora querem que o terceiro mundo preserve o meio ambiente. Mas e aí? Agente reivindica o mesmo direito? Vamos destruir porque eles destruiram? Eles por meio dessas ações conseguiram a riqueza que tem, mas jogaram para cima Co2 que está comprometendo a vida no planeta, se passarmos de dois graus de temperatura não haverá mais ponto de retorno. Há uma necessidade de redução de emissões na escala de cinqüenta por cento até 2030.
O desafio é ético e o compromisso intergeracional, a população tem que ser sensível a tudo isso se quiser viver,nós não podemos esgotar os recursos de milhares de anos pelo lucro de apenas algumas décadas, do contrário o planeta pode perder de vinte a trinta por centodo PIB. Se comparamos isso a última crise onde vimos um comprometimento em torno de apenas um por cento do PIB e os empregos desapareceram massiçamente, imagine vinte ou trinta por cento. Cerca de 2 bilhões de seres humanos poderão ficar sem a água, outros dois bilhões terão territórios inundados.
Temos agricultura certificada, bio combustíveis certificados, podemos nos colocar no mundo como referência e liderar esse processo que hoje é liderado pela Inglaterra. Depende de nós para que o Brasil crie uma nova narrativa.
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